Mentes Hiperconectadas: Os Riscos do Uso Excessivo de Telas

No contexto de um mundo cada vez mais digital, o uso excessivo de telas surge como um desafio significativo. Reduzir esse hábito, especialmente para assegurar uma boa saúde mental, é um dos principais obstáculos enfrentados pela nova geração.

Mentes Hiperconectadas: Os Perigos do Uso Excessivo de Telas

Desde seu surgimento, a tecnologia tem crescido exponencialmente, transformando-se rapidamente. Ferramentas online estão cada vez mais presentes na vida cotidiana de quase todas as pessoas. Com a popularização dos dispositivos digitais, é natural que essa conexão se manifeste em todas as faixas etárias. Atualmente, por exemplo, as crianças recebem smartphones cada vez mais cedo, contrastando com a infância analógica de seus pais e trazendo à tona tanto os benefícios da tecnologia quanto problemas novos. Entre esses desafios virtuais, a saúde mental se destaca como uma preocupação significativa.

Leninha Wagner, neuropsicóloga e doutora em psicologia, explica que, do ponto de vista psicológico, a hiperconectividade é impulsionada pela busca por gratificação instantânea, validação social e o medo de perder algo importante. “Redes sociais, aplicativos de mensagens e outras plataformas digitais são projetados para captar e manter a atenção, utilizando notificações constantes e algoritmos que personalizam o conteúdo para maximizar o engajamento, tornando esses dispositivos verdadeiros ladrões de tempo”, afirma Wagner. Por isso, ela ressalta a importância de controlar o uso das telas, sugerindo a definição de horários específicos para a utilização de dispositivos como um primeiro passo para manter a saúde mental e evitar o excesso de informações. Estabelecer zonas livres de tecnologia, especialmente antes de dormir, também pode ajudar a reduzir a dependência das redes sociais.

Socialmente, a pressão para estar sempre disponível e a busca por validação através de curtidas e comentários incentivam o uso contínuo das plataformas digitais. Wladimir Rodrigues da Fonseca, coordenador do curso de psicologia do Centro Universitário Uniceplac, destaca que a busca por gratificação imediata e a tendência de evitar o tédio ou desconforto emocional através da distração digital contribuem para a hiperconectividade. “A exposição constante a vidas idealizadas nas redes sociais pode aumentar sentimentos de inadequação e solidão, exacerbando o isolamento social”, complementa Fonseca.

Para lidar com a hiperconectividade e minimizar seus efeitos negativos, é essencial desenvolver um uso consciente e equilibrado da tecnologia. Algumas estratégias incluem:

  1. Mindfulness: Praticar mindfulness e outras técnicas de atenção plena para aumentar a consciência do uso da tecnologia e reduzir o uso impulsivo.
  2. Desconectar regularmente: Leninha Wagner recomenda pausas digitais e a participação em atividades offline, como hobbies, exercícios físicos e encontros presenciais, para evitar o uso excessivo de telas.
  3. Educação digital: Aprender sobre os efeitos da tecnologia na saúde mental e física e adotar práticas saudáveis.
  4. Saúde mental: Segundo Wladimir, o uso excessivo de dispositivos digitais está associado a níveis mais altos de ansiedade, depressão e transtornos do sono.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda restrições no uso de telas durante a infância: crianças menores de 2 anos não devem ter acesso a dispositivos digitais, entre 2 e 5 anos o uso deve ser limitado a uma hora por dia, e entre 6 e 10 anos a até duas horas por dia.

A dependência das interações online pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais essenciais, como empatia e comunicação face a face. A hiperconectividade pode também levar a comportamentos aditivos, onde a ausência de conexão digital causa desconforto ou angústia, conforme explica Wladimir Rodrigues.

Artigo extraído do site www.correiobraziliense.com.br

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